Aspectos Físicos
O meio-Norte é
uma zona de transição entre a Floresta Amazônica e o Sertão semiárido. Assim
temos entre as sub-regiões nordestinas, duas que são consideradas zonas de
transição: o Meio-Norte (Sertão-Amazônia) e o Agreste (Sertão-Mata Atlântica).
A
sub-região Meio-Norte é tradicionalmente considerada como as porções que
compreendem toda a extensão territorial do Estado do Maranhão e mais a porção
ocidental do Piaui. Mas segundo José Wiliam Versentini e Maria Vlach (2000, p.
119), somente a porção compreendida entre a bacia do rio Grajaú e a bacia do
rio Parnaíba poderia ser considerado como meio-Norte, uma vez que a oeste do
Grajaú (parte ocidental do Maranhão) possui uma caracterização climatobotânica
muito mais semelhante à Amazônia úmida (clima úmido e vegetação equatorial) e a
porção a leste da bacia do Parnaíba possui clima e vegetação mais próximo do
que caracteriza a sub-região sertaneja (clima-úmido e vegetação de caatinga).
Levando em consideração essa observação dos autores o mapa da subdivisão
nordestina em sub-regiões passaria a ter uma drástica mudança. Compare o mapa 1
(SIEBERT, 1995, p. 62), com a divisão oficial, com o mapa 2 (VERSENTINI; VLACH,
2000 p. 113). O mapa de VERSENTINI e VLACH se aproxima da regionalização em
Complexos regionais ou regiões geoeconômicas (mapa 4), não oficial (apesar de
seu grande uso no ensino atual de Geografia do Brasil), que divide o Estado do
Maranhão em duas partes pertencentes a regiões diferentes: Nordeste (porção
leste) e Amazônia (porção oeste). Essa divisão se dá por considera-se que a
parte leste e oeste do Maranhão não possuem as mesmas características
socioeconômicas e ambientais, entre eles o apontado por VERSENTINI e VLACH. A
sub-região marcada pelos dois autores também se aproxima do Meio-Norte úmido
apontado por ANDRADE (s/d, apud ADAS, 2002, p. 46) no mapa 3.
Em
relação ao relevo destaca-se no Meio-Norte uma grande bacia sedimentar, a Bacia
do Parnaíba, que forma na região uma larga planície que vai do litoral ao
interior. Acompanhado da bacia sedimentar ainda os existem os planaltos e
chapadas também da bacia fluvial do Parnaíba. “Chapadas, de topo aplainados,
limitadas por escarpas bem marcadas.” (AZEVEDO, 1996, p. 113).
Já
em relação a vegetação, boa parte do sul do Meio-Norte é dominado por vegetação
de Cerrado, intercalado pelas Matas de Cocais, que é própria da zona Meio-Norte
verdadeira apontada por VERSENTINI e VLACH; já na porção oeste se encontra
a floresta equatorial e a caatinga à leste.
A
mata de cocais apresenta-se como uma vegetação de transição constituída sobretudo
por palmeiras, principalmente a carnaúba e o babaçu. Essas duas palmeiras
apresentam grande importância econômica para a região servindo de
complementação para a população de baixa renda que não consegue na agricultura
de subsistência o suficiente para sua sobrevivência. A carnaúba [link] é típica
do cerrado sendo dela extraída cera e óleo que servem como matéria-prima à fabricação
de ceras, velas, lubrificantes entre outros produtos. O babaçu [link] por sua vez,
predominante no Maranhão e norte de Tocantins é usado para fabricar um óleo
presente em cosméticos e aparelhos de alta precisão e dele também se extrai
palmito.
Aspectos econômicos
Em
relação à agricultura, o Meio-Norte apresenta o cultivo de arroz com destaque para
o Maranhão, sendo “cultivado nos vale dos rios Mearim e Pindaré” (AZEVEDO,
1996, p. 114) e criação de gado “nas áreas de cerrado da chapada” (idem, ibdem,
p. 114). Uma agricultura tradicional que também destaca a cana-de-açúcar e o algodão
nas grades propriedade. Levando em consideração a explicação de Melhem Adas
(2002, p. 60-2) da construção dos preços geográficos no Meio-Norte é possível elaborar
um quadro dos ciclos econômicos do Meio-Norte ao longo da história:
Séculos XVIII – XIX: Com as guerras pela independência e a guerra
de Secessão travadas nos EUA, obrigaram aos industriais de tecidos ingleses a buscarem a matéria-prima do algodão em outros
mercados fornecedores, o que estimulou a produção algodoeira da região;
Século XIX: Com a diminuição da procura pelo algodão brasileiro
devido à normalização do quadro politico estadunidense estabeleceu-se no
Meio-Norte um forte fluxo migratório em direção à Amazônia durante o período do
ciclo da borracha.
Período até meado de 1960: A economia girava em torno da criação de
gado, da cultura algodoeira, da exploração do babaçu e da carnaúba, da produção
açucareira e da cultura do arroz. Uma economia
essencialmente agrária.
Anos de 1960 e 1970: Ocorre uma
modernização econômica com a implantação da Sudene e da Sudam, além do Projeto
Grande Carajás, onde o Maranhão torna-se escoadouro da produção mineral,
sobretudo de ferro, das minas da Serra dos Carajás. A implantação do projeto,
porém além de um grande impacto ambiental, torna a região uma zona de conflito
entre empresas, posseiros e indígenas pela posse de terra.
Final da década de 1980:
Migrantes gaúchos compram grandes extensões de terra do cerrado a baixo preço e
num fenômeno semelhante ao Oeste Baiano aplicam ali as modernas técnicas da
agricultura moderna permitindo uma grande produção latifundiária voltada para o
mercado externo de soja, frutas e outros gêneros agrícolas.
Quase toda a produção do Meio-Note
é voltada para o mercado externo à região e como salienta ADAS (ibdem, p. 61):
A existência de
uma frágil economia produziu os espaços voltados para si próprios (os espaços
de subsistência), ainda encontrados hoje no Meio-Norte, devido à falta de uma
politica agrária que pudesse implementar reformas no campo e incluir posseiros,
homens sem-terra e minifúndios no processo de produção moderno, garantindo-lhes
melhores condições de vida. (ADAS 2002, p. 61).
A sub-região
possui uma industrialização mais forte e diversificada na Região Metropolitana
de São Luís e na Grande Teresina, tendo iniciado seu processo de
industrialização “com a instalação de indústrias que constituem extensões dos
projetos minerais da Amazônia” (BRASIL REPÚBLICA, s/d), sobretudo aquelas diretamente
ligadas à produção ferrífera do Grande Carajás.
Mapa 1 - (SIEBERT, 1995, p. 62), Sub-regiões nordestinas |
Mapa 3 - (ANDRADE, s/d, apud ADAS, 2002, p. 46) - Nordeste: Zonas ou sub-regiões naturais. |
Mapa 2 - (VERSENTINI; VLACH, 2000 p. 113) - Sub-regiões do Nordeste. |
Mapa 4 - (COELHO, Marcos de Amorim; TERRA, Lygia, 2005) - Os grandes complexos regionais do Brasil. |
Mina "Serra Azul", em Carajás. |
ADAS, Melhem. Geografia: construção do espaço brasileiro. 4ª ed. São Paulo: Moderna, 2002. P. 240.
AZEVEDO, Guiomar G. de. Geografia 2: a organização dos
espaços e as regiões brasileiras. São
Paulo: Moderna, 1996. P. 153.
BRASIL REPUBLICA. Região Nordeste. Acesso em: 21 jan. 2013.
Disponível em: http://www.brasilrepublica.com/nordeste.htm.
COELHO, Marcos de Amorim; TERRA,
Lygia. Geografia Geral e do Brasil. São
Paulo, 2005, p. 479.
SIEBERT, Renata. Meu Brasil em mapas: atividades de
geografia e história do Brasil atrvés de mapas.
São Paulo, FTD, 1995, p. 111.
VESENTINI, J.
William; VLACH, Vânia. Geografia Critica
2: O espaço social e o espaço brasileiro. 28ª ed. São Paulo: Ática, 2000. P. 144.
WIKIPEDIA. Meio-Norte. Acesso em: 21 jan. 2013. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Meio-Norte.