segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

A sub-região nordestina do Meio-Norte



Aspectos Físicos

O meio-Norte é uma zona de transição entre a Floresta Amazônica e o Sertão semiárido. Assim temos entre as sub-regiões nordestinas, duas que são consideradas zonas de transição: o Meio-Norte (Sertão-Amazônia) e o Agreste (Sertão-Mata Atlântica).

           A sub-região Meio-Norte é tradicionalmente considerada como as porções que compreendem toda a extensão territorial do Estado do Maranhão e mais a porção ocidental do Piaui. Mas segundo José Wiliam Versentini e Maria Vlach (2000, p. 119), somente a porção compreendida entre a bacia do rio Grajaú e a bacia do rio Parnaíba poderia ser considerado como meio-Norte, uma vez que a oeste do Grajaú (parte ocidental do Maranhão) possui uma caracterização climatobotânica muito mais semelhante à Amazônia úmida (clima úmido e vegetação equatorial) e a porção a leste da bacia do Parnaíba possui clima e vegetação mais próximo do que caracteriza a sub-região sertaneja (clima-úmido e vegetação de caatinga). Levando em consideração essa observação dos autores o mapa da subdivisão nordestina em sub-regiões passaria a ter uma drástica mudança. Compare o mapa 1 (SIEBERT, 1995, p. 62), com a divisão oficial, com o mapa 2 (VERSENTINI; VLACH, 2000 p. 113). O mapa de VERSENTINI e VLACH se aproxima da regionalização em Complexos regionais ou regiões geoeconômicas (mapa 4), não oficial (apesar de seu grande uso no ensino atual de Geografia do Brasil), que divide o Estado do Maranhão em duas partes pertencentes a regiões diferentes: Nordeste (porção leste) e Amazônia (porção oeste). Essa divisão se dá por considera-se que a parte leste e oeste do Maranhão não possuem as mesmas características socioeconômicas e ambientais, entre eles o apontado por VERSENTINI e VLACH. A sub-região marcada pelos dois autores também se aproxima do Meio-Norte úmido apontado por ANDRADE (s/d, apud ADAS, 2002, p. 46) no mapa 3.

                Em relação ao relevo destaca-se no Meio-Norte uma grande bacia sedimentar, a Bacia do Parnaíba, que forma na região uma larga planície que vai do litoral ao interior. Acompanhado da bacia sedimentar ainda os existem os planaltos e chapadas também da bacia fluvial do Parnaíba. “Chapadas, de topo aplainados, limitadas por escarpas bem marcadas.” (AZEVEDO, 1996, p. 113).

                Já em relação a vegetação, boa parte do sul do Meio-Norte é dominado por vegetação de Cerrado, intercalado pelas Matas de Cocais, que é própria da zona Meio-Norte verdadeira apontada por VERSENTINI e VLACH; já na porção oeste  se encontra  a floresta equatorial e a caatinga à leste.

                A mata de cocais apresenta-se como uma vegetação de transição constituída sobretudo por palmeiras, principalmente a carnaúba e o babaçu. Essas duas palmeiras apresentam grande importância econômica para a região servindo de complementação para a população de baixa renda que não consegue na agricultura de subsistência o suficiente para sua sobrevivência. A carnaúba [link] é típica do cerrado sendo dela extraída cera e óleo que servem como matéria-prima à fabricação de ceras, velas, lubrificantes entre outros produtos. O babaçu [link] por sua vez, predominante no Maranhão e norte de Tocantins é usado para fabricar um óleo presente em cosméticos e aparelhos de alta precisão e dele também se extrai palmito.

Aspectos econômicos

                Em relação à agricultura, o Meio-Norte apresenta o cultivo de arroz com destaque para o Maranhão, sendo “cultivado nos vale dos rios Mearim e Pindaré” (AZEVEDO, 1996, p. 114) e criação de gado “nas áreas de cerrado da chapada” (idem, ibdem, p. 114). Uma agricultura tradicional que também destaca a cana-de-açúcar e o algodão nas grades propriedade. Levando em consideração a explicação de Melhem Adas (2002, p. 60-2) da construção dos preços geográficos no Meio-Norte é possível elaborar um quadro dos ciclos econômicos do Meio-Norte ao longo da história:

Séculos XVIII – XIX: Com as guerras pela independência e a guerra de Secessão travadas nos EUA, obrigaram aos industriais de tecidos ingleses  a buscarem a matéria-prima do algodão em outros mercados fornecedores, o que estimulou a produção algodoeira da região;

Século XIX: Com a diminuição da procura pelo algodão brasileiro devido à normalização do quadro politico estadunidense estabeleceu-se no Meio-Norte um forte fluxo migratório em direção à Amazônia durante o período do ciclo da borracha.

Período até meado de 1960: A economia girava em torno da criação de gado, da cultura algodoeira, da exploração do babaçu e da carnaúba, da produção açucareira  e da cultura do arroz. Uma economia essencialmente agrária.

Anos de 1960 e 1970: Ocorre uma modernização econômica com a implantação da Sudene e da Sudam, além do Projeto Grande Carajás, onde o Maranhão torna-se escoadouro da produção mineral, sobretudo de ferro, das minas da Serra dos Carajás. A implantação do projeto, porém além de um grande impacto ambiental, torna a região uma zona de conflito entre empresas, posseiros e indígenas pela posse de terra.

Final da década de 1980: Migrantes gaúchos compram grandes extensões de terra do cerrado a baixo preço e num fenômeno semelhante ao Oeste Baiano aplicam ali as modernas técnicas da agricultura moderna permitindo uma grande produção latifundiária voltada para o mercado externo de soja, frutas e outros gêneros agrícolas.

          Quase toda a produção do Meio-Note é voltada para o mercado externo à região e como salienta ADAS (ibdem, p. 61):
A existência de uma frágil economia produziu os espaços voltados para si próprios (os espaços de subsistência), ainda encontrados hoje no Meio-Norte, devido à falta de uma politica agrária que pudesse implementar reformas no campo e incluir posseiros, homens sem-terra e minifúndios no processo de produção moderno, garantindo-lhes melhores condições de vida. (ADAS 2002, p. 61).
               
A sub-região possui uma industrialização mais forte e diversificada na Região Metropolitana de São Luís e na Grande Teresina, tendo iniciado seu processo de industrialização “com a instalação de indústrias que constituem extensões dos projetos minerais da Amazônia” (BRASIL REPÚBLICA, s/d), sobretudo aquelas diretamente ligadas à produção ferrífera do Grande Carajás. 

Mapa 1 - (SIEBERT, 1995, p. 62), Sub-regiões nordestinas 

Mapa 3 - (ANDRADE, s/d, apud ADAS, 2002, p. 46) - Nordeste: Zonas ou sub-regiões naturais.
Mapa 2 - (VERSENTINI; VLACH, 2000 p. 113) - Sub-regiões do Nordeste. 


Mapa 4 - (COELHO, Marcos de Amorim; TERRA, Lygia, 2005) - Os grandes complexos regionais do Brasil.

Mina "Serra Azul", em Carajás.

ADAS, Melhem. Geografia: construção do espaço brasileiro. 4ª ed. São Paulo: Moderna, 2002. P. 240.

AZEVEDO, Guiomar G. de. Geografia 2: a organização dos espaços e as regiões brasileiras. São Paulo: Moderna, 1996. P. 153.

BRASIL REPUBLICA. Região Nordeste. Acesso em: 21 jan. 2013. Disponível em: http://www.brasilrepublica.com/nordeste.htm.

COELHO, Marcos de Amorim; TERRA, Lygia. Geografia Geral e do Brasil. São Paulo, 2005, p. 479.

SIEBERT, Renata. Meu Brasil em mapas: atividades de geografia e história do Brasil atrvés de mapas.  São Paulo, FTD, 1995, p. 111.

VESENTINI, J. William; VLACH, Vânia. Geografia Critica 2: O espaço social e o espaço brasileiro. 28ª ed. São Paulo: Ática, 2000. P. 144.

WIKIPEDIA. Meio-Norte. Acesso em: 21 jan. 2013. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Meio-Norte. 




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