Eric Silva dos Santos
Aspectos físicos
O Agreste é a segunda sub-região nordestina em importância econômica e se situa numa faixa de terra estreita em seu sentido Leste-Oeste e mais alongada no sentido norte-sul e que se estende do estado do Rio Grande do Norte ao Sul do estado da Bahia. Está estabelecida entre o Sertão de clima quente e seco do tipo tropical semiárido (a oeste) e a Zona da Mata de clima quente e úmido do tipo litorâneo úmido (situada a leste) e por isso se encontra em uma zona de transição entre essas sub-regiões. Devido a essa diferença climática o Agreste apresenta formações vegetais do tipo caatinga e nas áreas mais úmidas, conhecidas como brejos formações florestais semelhantes à Mata Atlântica.
Essa região apresenta um relevo com uma altitude relativamente elevada chegando entre 500 e 800 m de altura, pois corresponde a área do planalto da Borborema. A Borborema devido sua altitude forma ali verdadeiras barreiras para a penetração de nuvens oriundas do litoral e carregadas de umidade que iriam em direção ao interior do nordeste. As barreiras naturais da Borborema assim acabam por ajudar no fenômeno das secas na sub-região do Sertão. Sobre isso ADAS (1994, p. 79) afirma:
Os “Paredões” ou encostas dos planaltos voltadas para o Oceano Atlântico provocam a ascensão (subida) das massas de ar úmidas vindas do oceano. A temperatura do ar atmosférico, que é menor em altitude maior, provoca a condensação do vapor da água transportado pela massa de ar, podendo ocasionar chuvas (veja figura 8.2). Assim, na porção leste do Agreste, próxima da Zona da Mata, chove mais que na sua porção oeste, próxima do Sertão, como já vimos.
Quando as massas de ar conseguem ultrapassar essa barreira do relevo e penetram em direção ao interior, já são massas de ar secas (com pouca umidade). Esta é um das causas da ocorrência da pouca chuva, o que provoca a seca no Sertão nordestino.
Os solos se diferenciam de acordo a região, sendo mais férteis e de melhores condições de umidade os solos próximos à Zona da Mata e de baixa fertilidade e pouca umidade os que entram em contato com o Sertão.
Aspectos econômicos
Durante o período colonial, o Agreste era uma zona de policultura e de criação de gado destinada ao abastecimento de gêneros alimentícios para a Zona da Mata. Ainda hoje os vários cultivos (algodão, café, frutas tropicais, arroz, milho e feijão) e a produção leiteira e de gado de corte possui a finalidade herdada do período do Brasil colônia, abastecendo os grandes centros e as cidades do litoral nordestino.
A produção agrícola é praticada, ao contrario da Zona da Mata, em pequenas propriedades de terra, chamadas de minifúndio. Esses minifúndios são resultado das sucessivas divisões dos antigos latifúndios coloniais que existiam na região através dos séculos, principalmente devido às heranças deixadas de pai para filhos, que dividiam entre si as terras herdadas.
O agreste também cumpre a função de fornecedora de mão-de-obra temporária aos canaviais da Zona da Mata. Muitos trabalhadores na época do corte da cana-de-açúcar deixam suas pequenas propriedades para se empregarem como trabalhadores temporários para as usinas, os chamados boias-frias, regressando a suas famílias quando termina o período da colheita. Esses trabalhadores sentem tal necessidade de abandonar seus familiares e seus pertences em busca de trabalho insalubres e provisórios devido ao reduzido tamanho de suas propriedades agrícolas “para assegurar a subsistência e um certo progresso social e econômico ao minifundiário e a sua família” (idem, Ibid.).
Os principais centros urbanos do Agreste são: Campina Grande, no estado da Paraíba, Caruaru, em Pernambuco e Feira de Santana, na Bahia.
ADAS, Melhem. Geografia 2, o Brasil e suas regiões Geoeconômicas. São Paulo: Moderna, 1994. P. 165.
AZEVEDO, Guiomar G. de. Geografia 2: a organização dos espaços e as regiões brasileiras. São Paulo: Moderna, 1996. P. 153.
COELHO, Marcos de Amorim. Geografia do Brasil. 4ed. São Paulo: Moderna, 1996. P. 400. (Série sinopse)
VESENTINI, J. William; VLACH, Vânia. Geografia Critica 2: O espaço social e o espaço brasileiro. 28ª ed. São Paulo: Ática, 2000. P. 144.
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