Olá, pessoal eu não costumo postar texto que não são meus, mas existem aqueles textos que valem serem gritados para o mundo ou pelo menos que cheguem aos ouvidos de muitos. É o caso desse fragmento que fala da dualidade entre uma educação opressora e uma educação libertadora. Vale apena conferir.Boa Leitura!
Eric Silva
Educação Opressora X Educação Libertadora
Toda educação é, em
si mesma, opressora. A passagem do ser individual ao ser social não se fez
sem um preço. E este preço é o controle sobre tendências egoístas e individuais
exacerbadas. Controle que, de predominantemente externo, torna-se cada
vez mais interno, com o decorre do processo educacional. E que exige uma
grande força de vontade, capaz de conduzir o indivíduo a maneiras de
sentir, pensar e agir que se coadunem com uma percepção global da sociedade,
que, por sua vez, ultrapassa percepções meramente particularistas.
É exatamente nesse
processo que se pode dar o salto para a libertação. Pois não é apenas da
opressão externa, e em busca de si mesmo, que o indivíduo precisa libertar-se.
Deve libertar-se também de si mesmo, de suas tendências egocêntricas,
para integrar-se na realidade social e nela atuar. E a escola cumprirá
tanto mais a sua função quanto mais favorecer essa dupla libertação, sendo
cada vez menos instrumento da opressão externa sobre o indivíduo e estimulando
cada vez mais seu crescimento rumo à participação social consciente.
Diria, portanto,
que a opressão antecede a libertação, é uma etapa da própria libertação, nesse
jogo dialético que constitui a vida e a própria educação. Se não, libertar-se
de quê? Trata-se, no caso, de uma visão parcial do processo de
desenvolvimento e de educação. Quando vistas globalmente, entretanto, no
mesmo processo, opressão e libertação coexistem, podendo predominar ora a
primeira, ora a segunda, ou, mesmo, equilibrar-se momentaneamente.
Cabe ao educador
trabalhar pela libertação, tendo, porém, consciência permanente de que o
processo será contínuo, que algum grau de opressão sempre existirá e que nunca
alcançaremos a libertação total. Mas é exatamente essa busca constante
que dá sentido à vida.
Referência
O Relacionamento Interpessoal na Facilitação da Aprendizagem In: Brandão, Carlos R. O que é educação. 5. Ed. São Paulo, Brasiliense, 1982, p. 8-9
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